Num sábado quente lá em Cerquilho, no ateliê da vózinha da Thiara, pude acompanhar de perto, e aprender observando a criação, a produção, enfim o nascimento de uma nova coleção da Tuty para o primeiro semestre de 2010.
Pra quem não sabe, a Thiara é jornalista, mas dessa vez eu farei a vez de entrevistadora e aproveitando a reinaguração do Quiosque Tuty no Shopping Penha deixo aqui pra vocês uma entrevista com a Thiara, contando um pouco sobre a Tuty!
Josi Guimarães: Suas peças são sempre ótimas idéias pra gente se organizar melhor e levar um pouco de beleza para o nosso dia-a-dia, no que você se inspira para criar uma nova coleção?
Thiara Ney: É exatamente nisso, no dia-a-dia. Vou prestando atenção no que as pessoas levam na bolsa, no que querem levar e não tem como, no que usam no cabelo... E sempre ouvindo os clientes. Eles pedem, a gente pensa se a peça é viável e, se for, mãos à obra!
JG: Pensada a coleção é hora de pensar em viabilizá-la, quais são as próximas etapas de produção da Tuty? Você tem colaboradores?
TN: Primeiro penso em quais peças farão parte da coleção, depois na quantidade de cada uma e nas estampas que vão compor. Fechado isso vou à compra dos materiais, incluindo os tecidos. Às vezes preciso trocar uma ou outra estampa do projeto porque está em falta nas lojas ou algo assim. Em seguida vou com os moldes e todos os materiais para o ateliê da minha vó em Cerquilho (não é uma regra, mas acontece para as coleções maiores). Ela me ajuda muito cortando tudo e me ensinando vários truques. Depois costuro tudo, coloco etiquetas e voilá: tudo à venda!
Uma das fotos do ensaio fotográfico em Cerquilho, no final dessa entrevista link para o ensaio completo.JG: Eu acho a produção a parte mais complicada de manter uma marca e a parte que nos leva ao sucesso ou ao fracasso. O que é mais gostoso numa produção e o que você não gosta de fazer?
TN: Para falar a verdade eu gosto de tudo, mas o que acho mais difícil é cortar. Fico com calos nas mãos quando corto muito, é horrível. E acho realmente difícil cortar tudo retinho, como deve ser. O que mais gosto é de fazer a peça-piloto. Aliás, isso chega a ser ruim, porque gosto tanto que estou cheia de peças-piloto aqui que têm muito potencial para entrarem nas coleções, mas eu não dou conta de produzi-las.
JG: Tem um post em seu blog que você fala sobre “Experiências de um Shopping” qual foi o principal aprendizado que você tirou dessa primeira etapa?
TN: No shopping as lições não param. Costumo dizer que temos que matar um leão por dia para sobreviver ali. De qualquer forma, o que mais tenho aprendido é a me organizar. Organização é tudo. É muito difícil dar conta de um negócio sem planejar, calcular, arrumar, e fazer tudo isso mil vezes. Acredito que essa é a grande dica que tento passar no blog, porque se eu não tivesse me organizado tão bem não teria produtos, tags, maquininha de cartão, sacolas, saquinhos, adesivos, bottons e muito mais pronto em tempo para a inauguração. A gente fica na mão de fornecedores e tem que contar não só com os seus imprevistos, mas com o de todos eles.
JG: Porta cartão, bolsa dupla-face, lixinho pra carro, bolsa de mão, enfim, qual é a peça que você considera ícone da Tuty?
TN: Hoje considero o porta-cartão o produto de entrada da Tuty. É a peça mais fabricada e mais vendida até hoje. No Natal vendemos muitos, porque é um ótimo presente para... qualquer pessoa! É legal ver uma pessoa no quiosque namorando todas as bolsas, organizadores, kits, querendo tudo. Aí, como o dia de pagamento ainda está longe, ela não resiste e leva um porta-cartão, que custa apenas R$ 10.
JG: Largar o certo para arriscar-se no duvidoso, quem faz isso normalmente está em busca de uma qualidade de vida melhor e realização pessoal, que foi o meu caso e também o seu. Assumido o risco aonde você espera que a Tuty te leve?
TN: Não tenho a pretensão de ter a vida financeira que eu tinha antes da Tuty, mesmo porque sei o quanto isso demandaria de mim, do meu tempo, da minha saúde, e são preços que considero caros demais. Meu objetivo é que eu possa atender as necessidades das minhas clientes, conquistar clientes novas e que elas estejam sempre satisfeitas com o produto que recebem. Não admito um produto mal-feito, e sou muito crítica com relação a isso. Acredito que esse seja um importante diferencial da Tuty, e a cliente percebe isso em cada peça que usa. Se fazendo isso eu conseguir pagar minhas contas e viajar nos feriados, para mim está bom (PS: minhas contas são muitas, e inclui o cartão de crédito, rs)
JG: Cuidar da Tuty, cuidar da casa, cuidar de você, cuidar do casamento, como você dividi seu tempo e se organiza normalmente?
TN: Essa tem sido a parte mais difícil nessa nova fase. Isso porque quando o quiosque tinha data para fechar (inicialmente ficamos um período de dois meses) era fácil empurrar algumas coisas para "quando o quiosque fechar". Agora não tem essa. Tem que dar conta de tudo e pronto. E alguma coisa sempre fica para escanteio. Tem dias que não faço janta, tem semana que não lavo roupa, tem hora que tem poucos produtos no shopping, vou tentando equilibrar para não deixar nada cair. No começo tentei não trabalhar aos finais de semana, mas isso para mim é utópico. Sou geminiana e se tenho alguma coisa na cabeça não sossego até fazer, mesmo que seja no domingo de manhã. Aí compenso parando mais cedo na segunda-feira, ou começando mais tarde na quarta. Confesso que não tenho uma rotina, e talvez isso seja o que mais me agrada. Vou na academia quando dá, tento ir na Endossa uma vez por semana, no shopping quase todos os dias, faço a unha a cada 15 dias só, mercado toda semana (sorte que tem mercado no shopping), e tento parar tudo quando o marido chega à noite, para ficar só com ele. Às vezes não funciona, às vezes funciona.
JG: Rapidinhas:
Na hora de escolher uma estampa... bolinhas. Se estou na dúvida, vou de poá, porque a gente gosta, todo mundo gosta e é certeza que não vou errar.
A primeira vez que criei uma... bolsa foi mágico! Foi minha primeira peça e quase chorei quando fiz a minha primeira sozinha, no quarto da minha mãe, menos de um ano e meio atrás.
Quando vejo alguém usando uma peça Tuty... meu coração acelera. No carnaval aconteceu. Estava no litoral, jantando à noite e minha amiga me chama e diz: "Thi, aquela carteira na mão daquela menina não é da Tuty?" E era! Me deu vontade de ir lá falar pra ela: "EU QUE FIZ!" Hahaha.
Sucesso tem gosto de... futuro. Engraçado isso, mas sempre acho que o sucesso ainda está por vir. Estou sempre esperando algo melhor acontecer. isso é bom!
JG: Thi, obrigada pela entrevista e pela oportunidade de sempre aprender com você, me sinto uma privilegiada!
TN: Ai, achei tão lindo! É gostoso colocar tudo isso para fora, porque é realmente tudo o que penso, mas quase nunca parei para escrever sobre essas sensações. E você Josi é uma flor, e a privilegiada aqui sou eu de ter ganhado uma amiga como você! Bjos!
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